
Sentada na varanda, nas noites quentes do Rio, ela sonhava com mundos distantes.
Sonhava na escola, durante as aulas chatas de matemática, que a sua vida era muito mais interessante e colorida do que aqueles números que não serviam para nada.
Sonhava quando a mãe gritava pela milésima vez os mesmos gritos de sempre, que tinha super-poderes, como os heróis das bandas desenhadas, nessas horas invejava os heróis que tinham o poder de se transportar para outro lugar num simples piscar de olhos.
Sim, ela sonhava…ela sonhava sonhos reais…tão reais que até podia sentir o cheiro. Então ela cresceu, e lhe disseram que a vida não era um sonho, era feita de coisas reais, a realidade a assustava.
Porem ela não podia mas esconder-se nos sonhos, pois isso não era coisa de “menina crescida”.
Sentia tantas saudades de sonhar, sentia saudades de ser a menina que outrora fora, ela chorava, queria voltar no tempo, queria voltar no momento que aquela menina deixou de sonhar, e lhe dizer “Nunca deixes de sonhar, os sonhos de hoje são a realidade de amanhã, tens de lutar, tens de ser forte, não desistas!”.
A mulher que um dia ela sonhara ser, transformara-se uma realidade distante, ela era apenas um grão de areia no meio de tantos outros grãos.
Um grão de areia…, ela não podia aceitar essa realidade, Não! Ela queria ser o céu, vasto e infinito, não um ser limitado no meio de tantos outros seres limitados.
Como numa canção de Rock, ela queria gritar, ela queria ser livre, ela queria SONHAR.
Foi então que a magia aconteceu, como num filme de Hollywood, ela voltou no tempo, e sussurrou palavras fortes no ouvido daquela menininha, que tinha a coragem de uma super-mulher.
Quando acordou do seu sonho percebeu que a coragem voltara, não era a “super-coragem” dantes, mas era um começo, e ela voltou a sonhar…
Ela é feliz, está a lutar pelos seus sonhos.