sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Devaneios


"(...) Não há no mundo lei que possa condenar alguém que a um outro alguém deixou de amar (...)" Maria Rita, Trajetória.


Ela acordou um dia e descobriu que não o amava mais, não é que tivesse algo errado com ele, apenas o sentimento que ela sentira extinguiu-se.


Sentiu-se culpada por não o amar mais, tentou forçar o seu coração a olhar novamente para aquele homem com o mesmo sentimento de outrora, foi em vão, nunca conseguira domar o seu coração, e não haveria de ser agora que conseguiria tal façanha.


Lembrou-se de quando estivera do outro lado da historia, quando condenava outro por a ter deixado de amar, quando rotulou esta pessoa como egoísta e insensível, e sentiu-se uma vilã, a ironia da situação em que estava era brutal.


Entretanto não havia outro desfecho para aquela situação, ela teria que o comunicar de sua decisão.


Mas porque tinha de ser tão romântica e impulsiva? Porque tinha lhe feito tantas juras e demonstrações de amor imortal, se no fundo sabia que nenhum amor é imortal?


O não querer magoar alguém não estava nas suas mãos, não estava nas mãos de ninguém, aconteceu pura e simplesmente.


Foi então que ela descobriu que a dor de deixar de amar alguém é tão grande quanto a dor de não ser mais amada.


De uma forma egoísta, ela desejou que ele ficasse bem.



quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Love is a losing game


Peguei carona na canção da Amy Winehouse para escrever este texto.

Tenho me interrogado sobre o que aconteceu ao amor de antigamente, aquele amor pra toda a vida, aquele de "e viveram felizes para sempre", ok, a vida não é um filme e blá, blá, blá, e na vida real as coisas não são bem assim, ok, ok!

Mas houve um tempo, na vida real, que o amor tinha longa duração e era respeitado, houve um tempo onde a frase "eu te amo" era dita com sinceridade, houve um tempo em que o amor estava na moda, hoje em dia o amor é demodê.

Ultimamente tenho reparado que o amor tem prazo de validade, tenho visto imensos casais a se apaixonarem, a declamar milhões de juras de amor, fotos com declarações melosas espalhadas pelo "orkut", "hi5", e outros sítios da net que estão na moda, e uns meses depois...puf! Acabou a magia, acabou o amor, e as pessoas logo conhecem outro "amor" e voltamos a mesma roda viva...

Não me levem a mal, eu também pertenço a este grupo de pessoas, já me deixaram de me amar e eu já deixei de amar alguém, e todas aquelas juras, todas as declarações, todo aquele amor, ficou perdido algures no tempo...

Será mesmo o amor um jogo perdido??? Será que o amor pra toda a vida já não existe mais???

Nos preocupamos com o aquecimento global, com a crise financeira, com as eleições americanas e até com as cuscuvilhecis dos famosos, mas e o amor??? Nos esquecemos dele???

No livro Brida do autor Paulo Coelho, é dito que todos nós temos varias outras partes, alma gémea, que são as outras metades da nossa alma, e que em cada encarnação teríamos a missão de reencontrar pelo menos uma dessas outras partes, e como a reconheceremos? O livro diz que ela teria um ponto luminoso acima do ombro esquerdo e que assim a reconheceríamos.

Seria tudo mais fácil se tivéssemos o dom de ver este tal ponto luminoso não acham? não haveriam juras de amor desperdiçadas, nem a dor de amar alguém que não nos ama, nem a culpa por magoar alguém a quem deixamos de amar...

Voltando a música da Amy, será mesmo o amor um jogo? se isto é verdade então eu sou uma recordista em derrotas nesta competição.

O livro também diz que podemos deixar a nossa outra parte seguir em frente sem aceita-la, e que assim seremos condenados ao pior castigo que há na face da terra...a solidão.

Teremos algum de nós em determinada parte da nossa vida deixado a nossa outra parte ir embora? estaremos nós condenados a solidão eterna?

Não sei se chegarei algum dia a encontrar reposta para estas perguntas, neste momento a única coisa em que consigo pensar é na voz da Amy a cantar "Love is a losing game".

Psicoses

Qualquer dia vou num Psiquiatra e vou pedir um certificado da minha insanidade, depois vou colocar numa moldura bem bonita e pendurar na parede.

E quando alguém vier me encher o saco eu vou dizer: "Cuidado comigo! Eu sou uma louca diplomada!!!"

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

O encontro



As bocas se beijavam com desejo, dançando ao som da sedução, um beijo com sabor de plenitude, um beijo com sabor a mar...

Os corpos entrelaçados completavam-se um ao outro, como se em determinada parte da sua existência uma força maior os tivesse separado, e agora...por fim...juntos...

No ar pairava o perfume da paixão, um perfume que nem o mais sábio dos perfumistas poderia recriar...

Ele era ela, ela era ele, eles eram um só, finalmente tinham chegado ao fim da longa estrada que caminharam a procura um do outro...

O encontro dos seus corpos era perfeito, a volúpia entre eles quase que estremecia a terra...

Os olhos derramavam um mar salgado, uma mistura de alegria e de dor, sim a dor estava lá, a dor da saudade que sempre existira, mesmo quando desconheciam a existência um do outro...

Ela olhava para ele e via o seu lar, ele era como um dicionário, uma enorme enciclopédia com todas as repostas para as perguntas que a atormentavam, no momento que se olharam pela primeira vez tudo fez sentido, toda a sua existência, toda a sua vida, e ela sorria...

E ele lhe correspondia com um sorriso de alma aberta, o sorriso que ela tanto procurou em outras faces, e neste momento ele soube que toda a sua busca valeu a pena, ele era Orfeu e ela era a sua Eurídice...

Eles estavam sós no mundo, e mesmo assim o mundo estava completo...

Ela abriu os olhos...e a realidade caiu sobre ela como uma rocha pesada, era apenas um sonho...entretanto o seu perfume ainda pairava pelo o ar...

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Loucura é não ser eu



Dentro de mim existe um mundo surrealista, de fazer inveja as pinturas do grande Salvador Dalí...

Dentro de mim existe uma estranha, que deseja desesperadamente ser libertada, e todos os dias travamos uma luta pela posse do meu corpo...

Dentro de mim existem dois hemisférios, a mulher e a menina, a coragem e a covardia, a angustia e a felicidade plena...

Dentro de mim existe uma voz, uma voz gigante que chora, que implora para ser amada, mas que ao mesmo tempo quer ser livre...

Neste meu mundo a realidade é diferente, aqui dentro de mim eu posso ser louca, eu posso gritar todas as tristezas do meu dia, aqui nada importa, a porta está fechada,dentro de mim...

Dentro de mim a lotação está esgotada, não há vagas no meu mundo, não há pessoa que possa entrar, ficam sempre a boiar na superfície, pois o mar dentro de mim é selvagem, não se consegue mergulhar dentro de mim...

A minha loucura é a minha normalidade, o meu mundo é o meu país, a minha única nacionalidade, sou rainha, rei e súbdito dentro de mim...

Loucura é não ser eu, loucura é abandonar o seu mundo por outro, a minha forma de ser é peculiar, é minha, e não abro mão dela por nenhum outro mundo, o amor já não habita dentro de mim...

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Creep

O meu coração está a gritar esta música...
Radiohead-Creep
When you were here before,
Couldn't look you in the eye.
You're just like an angel,
Your skin makes me cry.
You float like a feather,
In a beautiful world
I wish I was special,
You're so fucking special.
But I'm a creep, I'm a weirdo.
What the hell am I doing here?
I don't belong here.
I don't care if it hurts,
I wanna have control.
I want a perfect body,
I want a perfect soul.
I want you to notice,
When I'm not around.
You're so fucking special,
I wish I was special.
But I'm a creep, I'm a weirdo.
What the hell am I doing here?
I don't belong here
She's running out again,
She's running,
She run, run, run, run, run.
Whatever makes you happy,
Whatever you want.
You're so fucking special,
I wish I was special,
But I'm a creep, I'm a weirdo.
What the hell am I doing here?
I don't belong here,
I don't belong me.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Espelho


As gargalhadas ainda ressoavam na sua memória, pequenos fragmentos de um passado que fora levado com o vento.

Ela perguntava-se quando iria sorrir novamente daquela maneira, como se fosse explodir de tanta felicidade, sentia-se culpada por ter deixado a felicidade fugir das suas mãos como a areia da praia.

Os amigos não entendiam porque aquele ser cheio de vida havia transformado-se numa sombra escura, e ela não conseguia explicar a imensidão melancólica que possuía o seu coração.

A vida transformara-se numa tormenta, o simples facto de respirar custava tanto, ela sentia-se cada vez mais fraca, e o mundo exigia dela uma força que não mais existia.

Ela sabia que voltar a agarrar a felicidade com toda a sua força, só dependia dela, mas ela questiona-se se valia mesmo a pena.

O mundo que ela conhecia não era o mundo que de facto existia, e começava a pensar que as pessoas sempre tiveram razão a seu respeito, ela era uma sonhadora idiota.

Percorrera um longo caminho até a dor, e já não sabia o como voltar para casa, no espelho apenas um reflexo de uma pessoa que já não estava viva.

Ela era um fantasma no cruel mundo dos vivos.

domingo, 9 de novembro de 2008

Nostalgia




Escrevo estes versos na esperança que desperte em mim o ser que outrora fora.

Gosto de correr, de sentir o vento bater no meu rosto, gosto da sensação de liberdade que sinto quando os meus cabelos roçam meu rosto...

Sento na varanda e converso com as estrelas, me pego a pensar em coisas malucas, o que será que o Keanu Reeves está a fazer agora? Qual será o gosto da pasta de dentes dele? Qual será a posição preferida dele de dormir?

E lá vou eu mais uma vez para Realengo, de 15 em 15 dias... Como pode alguém decidir quando eu posso conversar com o meu pai? E se um dia eu acordar num sábado e sentir vontade de deitar no colo dele e não for o meu sábado de 15 em 15 dias?

O oceano é tão imenso... um barco chega ao lado dessa pedra solitária onde eu me refugio, e me leva para conhecer outros mundos, perdidos na imensidão azul do mar...

Atravesso o bairro todo se for preciso!!! Nunca pensei que um dia iria ter uma amiga patricinha, ela é o meu oposto, mas ao mesmo tempo somos tão iguais, nenhuma pessoa na face da terra me entende tanto, nunca nos iremos separar... Mas aquele caminhão tão grande... A minha melhor amiga a milhões de quilómetros de distancia de mim...

Ei!!! Acende a luz! Tá muito calor, cadê o gato? oh não ficou preso na geladeira, hahahahaha, já vi que hoje não dormimos mais, alguém lembra de uma boa história de terror? vamos ver tv?

Vamos!!! Tá na hora!!! Apaga Luz!!! Apaga a Luz!!!


"I'll be there for you

When the rain starts to pour

I'll be there for you

Like I've been there before

I'll be there for you

Cause you're there for me too..."


"Aquele em que o Ross e a Rachel...vocês sabem..." Ahhhhhhhhhh, não acredito, finalmente!!!


Adoro o horário de verão, é a única época do ano que posso ficar mais uma hora na rua sem minha mãe reclamar que já escureceu e já devia estar em casa...


Você nunca foi na Ilha grande??? Eu não... Como você pode ter morado em Angra durante tanto tempo e ir embora p Portugal sem conhecer a Ilha? Sei lá, um dia eu volto só para ir na Ilha Grande...


"But you put the happy

in my ness

you put the good times

in to my fun

and it's so hard to do

and so easy to say

but sometimes

sometimes

you just have to walk away

walk away

and head for the door"


E meu...essa é a música da moca...Ai meu Deus olha um caminhão gigante,ahhhhhhhhhhhhhhh!!!! hahahahahaha, Corre Dorothea!! Voa com o ventooooooooo!!!


Você que gosta tanto do legião urbana não lembra daquela canção "Pais e filhos", sim Pai...Os adultos também erram minha filha...


Promete que você nunca mais me vai fazer sofrer? Eu prometo... Desculpa, mas eu não te amo como você me ama...


Olá você é a Carol? Sim...E tu quem és??? Eu sou a Joana...


Eu quero beber tequila no chápeu! E pá és doida! Tu és mais... Minha pita loira!


E já estou no avião, nem deu muito medo, o pior foi quando ele decolou, parecia que ia cair na água... Olha lá as nuvens, parecem algodão doce... E as minhas estrelas... estão tão perto de mim... Do outro lado do oceano um novo mundo me espera...


Quando me perguntarem do que eu gostei mais, vou dizer que foi de ti...


sábado, 8 de novembro de 2008

Separação



Quando ela acordou o mundo estava diferente...
Levantou-se da cama, os seus pés tocaram o chão frio, mas ela não sentira, todos os seus sentidos estavam dormentes...

Ela caminhou até a casa de banho, olhou-se no espelho e não a reconhecera, ela era um fantasma, não reconhecia aquela pessoa ali reflectida, o semblante pesado, os olhos inchados, a boca tremula, o nariz a fungar, não, não era ela, ela era uma pessoa feliz e aquelas não eram características de um rosto feliz...

Sentia um aperto no peito, como se derrepente um enorme aspirador tivesse tirado todo o ar que existia em sua volta, não conseguia respirar, não como dantes, ela estava sufocada, sentia-se a cair numa enorme areia movediça e quanto mais esforçava-se para sair, mais ela ficava presa.

Foi até a janela, e o mundo tinha perdido a cor, o sol já não brilhava com a mesma intensidade, o canto dos passáros era como um cinema mudo, a vida tinha parado, o vento tinha congelado, o mundo dela desabou.

Ela caiu com as mãos no rosto a chorar, mas naquela noite já havia chorado todas as suas lágrimas, e tudo o que restara era o sofrimento, uma enorme dor no seu peito, um elefante sentado no seu coração.

Aquelas palavras ainda ecoavam na sua cabeça, em todo o seu ser... "eu não te amo mais,adeus..."

Naquele momento Deus a abandonara, e nenhuma das suas orações foram atendidas, ela estava por sua conta, ela estava perdida...

Ela que era um furacão tinha sido resumida a uma chuva de verão, uma chuva passageira, e toda a sua coragem tinha ido embora quando ele lhe virou as costas, todos os seus sonhos lhe foram roubados, toda a sua alegria, o seu optimismo, tudo que lhe pertencia, ele levou consigo...

Ela tinha de aprender a caminhar de novo, como uma criança aprende a dar os primeiros passos, sabia que iria perder o equilíbrio várias vezes, mas também sabia que um dia conseguiria dar os seus próprios passos e retomar o seu caminho.

O elefante ainda está lá sentado, mas aos poucos ela caminha, aos poucos ela se reconhece, aos poucos o furacão voltara a esta cidade.