quinta-feira, 20 de novembro de 2008
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Atreve-te e mergulha no meu mundo!
"Desassossegados do mundo correm atrás da
felicidade possível, e uma vez alcançado seu quinhão, não sossegam: saem atrás
da felicidade improvável, aquela que se promete constante, aquela que ninguém
nunca viu, e por isso sua raridade. Desassossegados amam com atropelo, cultivam
fantasias irreais de amores sublimes, fartos e eternos, são sabidamente
apressados, cheios de ânsias e desejos, amam muito mais do que necessitam e
recebem menos amor do que planejavam. Desassossegados pensam acordados e
dormindo, pensam falando e escutando, pensam antes de concordar e, quando
discordam, pensam que pensam melhor, e pensam com clareza uns dias e com a mente
turva em outros, e pensam tanto que pensam que
descansam."
Martha Medeiros
"Olhava a praia e sentia me parte do todo que a tudo abraça e
envolve. Sentia a sede dos que têm fome. E se a vida não tiver nenhum sentido?
Que bom, estaremos vivendo pelo viver, pela graça e doçura de ser. E se tudo o
que temos não for puro fruto da nossa imaginação? Que aventura sobrevoar nas
asas do desconhecido. Que tesão sentir a vida assim: doce e quente a escorrer
pelo canto da boca, feito chocolate que saceia a fome e tranquiliza o coração.
Que maravilha será viver completamente entregue aos dias e aos minutos da nossa
encarnação."
"Não sei quem sou, que alma tenho.Quando falo com sinceridade
não sei com que sinceridade falo.Sou variamente outro do que um eu que não sei
se existe (se é esses outros)...Sinto crenças que não tenho.Enlevam-me ânsias
que repudio.A minha perpétua atenção sobre mim perpetuamente me pontatraições de
alma a um carácter que talvez eu não tenha,nem ela julga que eu tenho.Sinto-me
múltiplo.Sou como um quarto com inúmeros espelhos fantásticosque torcem para
reflexões falsasuma única anterior realidade que não está em nenhuma e está em
todas.Como o panteísta se sente árvore (?) e até a flor,eu sinto-me vários
seres.Sinto-me viver vidas alheias, em mim, incompletamente,como se o meu ser
participasse de todos os homens,incompletamente de cada (?),por uma suma de
não-eus sintetizados num eu postiço."
Fernando Pessoa
“ (...) viver uma vida plena, adulta, viva, de fôlego, em
contato íntimo com o que eu amo – a terra e suas maravilhas, o mar, o sol. Tudo
a que nos referimos quando falamos do mundo externo. Quero entrar nele, fazer
parte dele, viver nele, aprender com ele, perder tudo o que em mim é superficial
e adquirido e tornar-me um ser humano direto e consciente. Quero, compreendendo
a mim mesma, compreender os outros. Quero ser tudo o que sou capaz de me tornar,
para que possa ser (e aqui parei e esperei, mas não adianta – só há uma
expressão possível) uma filha do sol. Sobre ajudar os outros, carregar uma luz e
assim por diante, parece falso dizer qualquer palavra. Fiquemos com essa então,
‘uma filha do sol’. Depois, quero trabalhar. Em quê? Quero viver de modo a
trabalhar com as mãos e com o cérebro. Quero um jardim, uma pequena casa, grama,
animais, livros, quadros, música. E, a partir disso tudo, para exprimi-lo, quero
escrever. Mas uma vida quente, ávida, viva – enraizada na vida – para aprender,
desejar, saber, sentir, pensar, agir. É o que desejo. Nada menos. É o que tenho
que tentar.”Katherine Mansfield
"(...)mas nele havia o ar dessas mentirasque dizem a verdade:
confrontou-mee num rápido olhar deixou-me em tiras"(O Espectro, Bruno
Tolentino)
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