Nasci numa cidade grande, estou acostumada a viver no meio do caos de um transito infernal, de pessoas a correr de um lado para o outro sempre a olhar para o relógio, mãos stressadas caindo violentamente em cima de buzinas barulhentas, e muita, muita agitação...
E quando fiz 18 anos mudei para outra cidade barulhenta e movimentada, Lisboa, e me apaixonei, adoro Lisboa, os engarrafamentos, os policiais de transito mal humorados que nunca dão uma informação precisa, o Metro sobre lotado com barulhinho de "cena da banheira do filme Psicose", as esplanadas sem lugar para sentar com uma nuvem de fumaça de cigarro pairando em cima das cabeças vitoriosas de gente que conseguiu um lugar para sentar e beber um cafésinho, os mil posteres colados nos muros da cidade, sempre a anunciar um evento interessante, ou não...
Enfim, adoro uma cidade que está sempre viva, onde num dia que você acorde de madrugada numa crise de insónia, você tenha como opção ir para um barsinho no meio de um bairro histórico, beber um copo, ouvindo um bom Jazz, ou um reggae de raiz, ou ainda melhor uma velha e boa MPB, e não músicas insuportáveis onde só se ouve acordes eletronicos, ou frases como "everybody in the house put hands up", na boa, eu gosto das minhas mãos agarradas a um bom e belo copo de cervejinha gelada.
Eu amo o Algarve, amo abrir a janela e ter o Mar como meu vizinho, amo andar na rua e ver paisagens de cortar a respiração, mas meu Deus, esta cidade só parece ganhar vida no verão, nas restantes estações mas parece ser uma cidade fantasma...
Sinto falta de ter opções de coisas para fazer, mesmo quando não me apetece fazer nada, de sair a noite e ver grupinhos de jovens, e não só, reunidos a conversar trivialidades, dos Teatros cheios de gente a entrar e sempre com cartazes de peças novas, de eventos e mais eventos, de cultura e mais cultura, de movimento...muito movimento...
Cheguei a conclusão de que não nasci para ser "zen", e sinceramente aquela expressão "um amor e uma cabana"..., bem a minha versão preferida acho que seria "um amor e um T1, apertado e antigo, em Lx".
E ontem eu passei um dia inteiro presa no meio de um engarrafamento em Lisboa, com montes de ruas fechadas para obras, policiais mal educados que nos mandam voltar para atrás para aprender não cometer inflações, motoristas stressados que literalmente jogam o carro em cima de nós, buzinadas barulhentas por você demorar a perceber que o sinal está verde, pessoas apressadas que dão encontrões nas outras, e não pedem desculpas, um GPS louco que não sabe a diferença de "direita e esquerda", um shopping lotado, com o aquecimento ligado no máximo num dia de muito, muito calor, e finalmente, uma esplanada fresquinha com vista para o Parque das Nações numa tarde nublada, adivinhem? foi o meu melhor dia do ano...
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