terça-feira, 17 de março de 2009

Sobre o amor, a liberdade e outras verdades...


"Amo a liberdade, por isso deixo as coisas que amo livres..Se elas voltarem é porque as conquistei. Se não voltarem é porque nunca as possuí."

John Lennon


Todo mundo, ao menos os que tem a sensibilidade desperta, já teve, ou tem, um animalsinho de estimação que era, ou é, muito mais do que um animalsinho de estimação...

Os meus bichinhos preferidos sempre foram os gatos, não que eu não goste de cães, periquitos, peixes e afins, só que sempre tive um carinho especial por felinos...

E no meio de "Lorenços", "Carminas Buranas", "Mozarts", "Alemães", e muito em particular um "Pacey", na minha vida surgiu um "Bowl", que coitado foi baptizado por esse nome sem graça numa das minhas tentativas, frustradas, de ser engraçada.

Quando eu o vi pela primeira vez, era uma coisinha feia sem graça, doentinho e cheio de expectoração no focinho, o meu primeiro pensamento foi: "Fogo, escolhi o gato errado", mas tal era a minha ânsia de voltar a ter um gatinho a brincar pela casa, que o enrolei na toalha suja, oferecida pela sua ex dona, e o levei para casa.

Uma das primeiras coisas que me cativou nele era o facto dele ser extremamente carinhoso, dormia sempre comigo, pois eu tinha medo que a sua constipação piorasse, estava muito frio, e todos os dias seguia o enfadonho ritual de o medicar, completamente contra a sua vontade.

Foi crescendo um desespero interno de o perder, ele não melhorava, e toda vez que dava um espirro, eu nunca tinha visto um gato espirrar, meus olhos enchiam-se de lágrimas e meu coração ficava apertado.

Sentia um desejo enorme de espancar a sua ex dona, por o ter colocado para dormir no quintal de casa, quando ele era tão pequenino e indefeso, e fazia tanto frio lá fora...

O tempo passou e ele transformou-se num gato lindo e saudável, o bichinho mais carinhoso que alguma vez tive, seguia sempre os meus passos pela casa, e a noite esquentava os meus pés e embalava o meu sono com o seu ronronar alegre, dizem que o gato ronrona quando está feliz, o meu está sempre feliz...

O meu amor cresceu, cresceu, e as vezes eu me pego a olhar para ele e não sei se sou grande o suficiente para tanto amor ainda em crescimento...

Só a ideia de o perder, me apavora tanto que tenho vontade de chorar para sempre...

Mas a maior particularidade dos gatos e justamente ser livre, e chegou o momento em que estar dentro de casa já não o faz tão feliz, e sinto-me um carcereiro cruel quando o observo sentado em cima da máquina de lavar a olhar pela janela com uma expressão melancólica...

Outro dia estava num café, e reparei num panfleto colado a parede com a foto de um gatinho pequeno, e um pedido desesperado: "Por favor se alguém o encontrar devolva-o, é mais que um animal de estimação, é o meu melhor amigo", aquilo me doeu tanto que passei o dia inteiro ansiosa para chegar em casa e verificar que o meu bebe estava a salvo das pessoas cruéis que levam os melhores amigos de alguém, ou que simplesmente os ceifam a vida com as suas máquinas de quatro rodas...

Tenho formulado planos para o manter dentro de casa, seguro e feliz, mas tenho sido derrotada em todos eles...

E já há duas noites seguidas eu chego em casa, e como sempre a primeira coisa que faço é o chamar, e ele não estava...

Na primeira noite, o procurei por toda a parte, e tranquilizei meu coração com a ideia de que ele estaria a dormir no quarto dos meus tios, não dormi nada, levantei na primeira hora a sua procura, e ele apareceu com o seu habitual olhar meigo a acalmar as lágrimas que já me surgiam nos olhos...

E es que ontem foi a segunda noite, não consegui tranquilizar meu coração, tive pesadelos a noite toda, sonhei que tinha as mãos enrugadas e estava num orfanato a tentar adoptar uma criança, raio do instinto materno...

Pela manhã...vinha ele com o mesmo olhar meigo...mas depois os meus companheiros de casa contaram-me a verdade, ele não tinha dormido em casa nestes dois dias...meu coração parou, só me veio uma coisa a mente: "vou perde-lo"...

O coloquei no meu ombro, como uma mãe coloca um bebe, e o abracei, pedi baixinho no seu ouvido, eu sei que ele não me entende, não sou louca, que por favor não fosse embora...

E agora estou eu aqui sentada, ao observa-lo a dormir, com a sua carinha tão amada, e a pedir a Deus que não o deixe ir embora, não vou suportar...

Sinto-me culpada, estou a tirar o seu maior instinto, o de ser livre, mas como posso eu negar o meu maior instinto, o de amar incondicionalmente, mesmo que seja só um animalsinho de estimação?

Não encontro resposta para o meu enigma, se alguma alma iluminada neste mundo de Deus, souber a resposta...por favor não hesite em me segredar...

2 comentários:

Anónimo disse...

Deixa-te de coisas,só eu entendo o porquê do bowl ser revoltado!!! Tão mas k raio d mae és tu k dás po teu filho gato, uma coleira com um ossinho pendurado? ele esta numa crise de identidade gravissima, pode mesmo ficar km problemas psicologicos sérios... Ele tá nakela situaçao, em k as bixinhas passam nakela idade k n sabem s gostam de homem ou de mulher.. e depois eu k sofro!!!

FASHIONS USED disse...

Parabéns minha irmãzinha, voce agora é uma mãe de verdade. E agora voce já tem como saber o que uma mãe sente por seus filhos, amor incondicional, um medo absurdo e enlouquecedor de perdê-los, o desejo louco de que eles fiquem para sempre debaixo de nossas asas e ao mesmo tempo a culpa de estar prendendo de mais e tirando deles o que lhes é de direito, acho que agora entendemos perefeitamente o que quer dizer: "ser mãe é padecer no paraíso".
Te amo