
BOMBOMBOMBOMBOMBOM!!!!! (Marteladas na porta).
-Amanda abre a porta agora!!!!
"...Sun in the sky you know how I feel..."
-Ela já está ali a horas... Amandaaaaaaaaaa, é a sua mãe, abre essa porta agora é uma ordem!!!! (hahahahaha, uma ordem...que medo).
"...Reeds drifting on by you know how I feel..."
-Não adianta gritar com ela Selma, Amanda é o papai...abre a porta filha... (Desespero e culpa em forma de voz paterna, nojo).
-Se ela está assim dessa forma, é porque você nunca gritou com ela! Olha para essa menina Vicente! ela está se destruindo, pelo amor de Deus faz alguma coisa! ("A culpa não é minha, a culpa é sua, você é que falhou na criação dela"...a mesma ladainha de sempre).
"...Its a new dawn it's a new day its a new life for me!!!!"
-Amanda eu vou contar até 3, se você não abrir a porta eu vou deita-la abaixo, está me ouvindo???? (YES SIR!!!).
-Chega eu vou arrombar a porta...BOMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMM!
-Oi família, "...And I'm feeling good..."
Uma semana depois...
Hospital profile:
Paciente: Amanda Lisboa
Idade: 18 anos
Altura:1,75
Peso:45kg
Dados clínicos:
Transtorno alimentar e distúrbio bipolar. (Anorexia não é doença é estilo livre e eu não tenho distúrbio bipolar, tenho alterações de humor, faltou escrever aí: PROMISCUA E SUICIDA).
Uma semana nesse inferno...uma semana com a puta de uma sonda me enfiando lixo no organismo, eu tentei tirar, juro que tentei, mas amarraram os meus braços, e de hora em hora a vaca da enfermeira vem me enfiar "remédios" na veia.
Haloperidol, Dipirona, Plasil...a lista é enorme, MERDA, MERDA! Eu já tenho 18 anos! deveria poder mandar na minha vida, ME DEIXEM MORRER EM PAZ!
Estão a me transformar num monstro e não há nada a fazer...
A minha mãe fica ajoelhada na minha cama, segurando o seu velho terço, e orando para ninguém, Mãe acorda não existe ninguém lá em cima...idiota.
O meu pai desistiu, não conseguiu ver a sua menininha com tanto potencial de vida cheia de potencial para a morte, eu não o culpo, não é uma cena bonita de se ver, é por isso que muitos viram a cara, quando eu desapareci das festinhas, comecei a andar com roupa de inverno no mais caloroso verão do Rio de Janeiro, raspei a cabeça e tatuei uma enorme borboleta no meu crânio despido, quando eu comecei a sumir, literalmente, a única reacção das pessoas foi virar a cara, é mais fácil tapar os olhos para o que nos assusta do que enfrentar o monstro.
Escuto o médico falando baixinho com a minha mãe: "nós já fizemos tudo o que podíamos, agora é com ela, se ela não reagir..."
A minha mãe apenas me olha...ela sabe que eu não vou reagir, ela também desistiu.
Quando você abraça a morte, ganha uma eterna companheira, nunca mais estarás sozinha...
Finalmente eu sou livre, ela me pegou no colo e eu me sinto a voar, "eu te libertarei", ela cumpriu com a promessa...
"And I'm feeling good"
3 comentários:
(ainda Cazuza...)
maioridade
Agora eu sei quanto eu cresci
Já acredito no meu caminho
Se até agora eu tô vivo
É que deve ser verdade.
Vejo a cidade de minha janela
Debruçado nos meus erros
Extravagantes e comuns
Me guio sem razão
À casa de um homem
Ao coração de uma mulher
Mas meu amor não é ficção
Agora eu sei, nem contramão
Agora eu sei
Que cresci
Junto com os meus pecados
E aprendi como eles são engraçados
Eu já vivi de tudo um pouco
Mas tô esperando um truque novo
Que me largue caindo
Do alto de um abismo
O tempo vai dizer
Se o que espero me interessa
Se eu levo a vida
Ou se é ela que me leva.
Caroll
diante dos teus textos, me sinto completamente insignificante nas minhas humildes palavras, só consigo comparar-te ao Cazuza.
Cazuza, assim como vc, era um eterno constestador,vivia na contravenção..mas acima de tudo era um grande poeta, marcou toda uma geração..
um jovem poeta (morreu aos 32 anos)
não precisou chegar a maturidade para entender ou sentir a dor e a delicia de viver o que se é...
como vc, Caroll
Me perdoe se estou sento repetitivo ou indelicado, essa não é minha intenção.
Se não quiseres mais que frequente teu espaço, tens toda a liberdade para isso...
continuarei lendo teus textos, e torcendo por ti, sempre.
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