quarta-feira, 13 de maio de 2009

A perfeição na 1ª pessoa

"Birds flying high you know how I feel..."
BOMBOMBOMBOMBOMBOM!!!!! (Marteladas na porta).
-Amanda abre a porta agora!!!!
"...Sun in the sky you know how I feel..."
-Ela já está ali a horas... Amandaaaaaaaaaa, é a sua mãe, abre essa porta agora é uma ordem!!!! (hahahahaha, uma ordem...que medo).
"...Reeds drifting on by you know how I feel..."
-Não adianta gritar com ela Selma, Amanda é o papai...abre a porta filha... (Desespero e culpa em forma de voz paterna, nojo).
-Se ela está assim dessa forma, é porque você nunca gritou com ela! Olha para essa menina Vicente! ela está se destruindo, pelo amor de Deus faz alguma coisa! ("A culpa não é minha, a culpa é sua, você é que falhou na criação dela"...a mesma ladainha de sempre).
"...Its a new dawn it's a new day its a new life for me!!!!"
-Amanda eu vou contar até 3, se você não abrir a porta eu vou deita-la abaixo, está me ouvindo???? (YES SIR!!!).
-Chega eu vou arrombar a porta...BOMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMM!
-Oi família, "...And I'm feeling good..."

Uma semana depois...

Hospital profile:
Paciente: Amanda Lisboa
Idade: 18 anos
Altura:1,75
Peso:45kg
Dados clínicos:
Transtorno alimentar e distúrbio bipolar. (Anorexia não é doença é estilo livre e eu não tenho distúrbio bipolar, tenho alterações de humor, faltou escrever aí: PROMISCUA E SUICIDA).

Uma semana nesse inferno...uma semana com a puta de uma sonda me enfiando lixo no organismo, eu tentei tirar, juro que tentei, mas amarraram os meus braços, e de hora em hora a vaca da enfermeira vem me enfiar "remédios" na veia.
Haloperidol, Dipirona, Plasil...a lista é enorme, MERDA, MERDA! Eu já tenho 18 anos! deveria poder mandar na minha vida, ME DEIXEM MORRER EM PAZ!
Estão a me transformar num monstro e não há nada a fazer...
A minha mãe fica ajoelhada na minha cama, segurando o seu velho terço, e orando para ninguém, Mãe acorda não existe ninguém lá em cima...idiota.
O meu pai desistiu, não conseguiu ver a sua menininha com tanto potencial de vida cheia de potencial para a morte, eu não o culpo, não é uma cena bonita de se ver, é por isso que muitos viram a cara, quando eu desapareci das festinhas, comecei a andar com roupa de inverno no mais caloroso verão do Rio de Janeiro, raspei a cabeça e tatuei uma enorme borboleta no meu crânio despido, quando eu comecei a sumir, literalmente, a única reacção das pessoas foi virar a cara, é mais fácil tapar os olhos para o que nos assusta do que enfrentar o monstro.
Escuto o médico falando baixinho com a minha mãe: "nós já fizemos tudo o que podíamos, agora é com ela, se ela não reagir..."
A minha mãe apenas me olha...ela sabe que eu não vou reagir, ela também desistiu.
Quando você abraça a morte, ganha uma eterna companheira, nunca mais estarás sozinha...
Finalmente eu sou livre, ela me pegou no colo e eu me sinto a voar, "eu te libertarei", ela cumpriu com a promessa...
"And I'm feeling good"

The end

3 comentários:

Leo Mandoki, Jr. disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
P.C disse...

(ainda Cazuza...)


maioridade

Agora eu sei quanto eu cresci
Já acredito no meu caminho
Se até agora eu tô vivo
É que deve ser verdade.

Vejo a cidade de minha janela
Debruçado nos meus erros
Extravagantes e comuns

Me guio sem razão
À casa de um homem
Ao coração de uma mulher
Mas meu amor não é ficção
Agora eu sei, nem contramão

Agora eu sei
Que cresci
Junto com os meus pecados
E aprendi como eles são engraçados

Eu já vivi de tudo um pouco
Mas tô esperando um truque novo
Que me largue caindo
Do alto de um abismo

O tempo vai dizer
Se o que espero me interessa
Se eu levo a vida
Ou se é ela que me leva.

P.C disse...

Caroll

diante dos teus textos, me sinto completamente insignificante nas minhas humildes palavras, só consigo comparar-te ao Cazuza.

Cazuza, assim como vc, era um eterno constestador,vivia na contravenção..mas acima de tudo era um grande poeta, marcou toda uma geração..

um jovem poeta (morreu aos 32 anos)
não precisou chegar a maturidade para entender ou sentir a dor e a delicia de viver o que se é...

como vc, Caroll

Me perdoe se estou sento repetitivo ou indelicado, essa não é minha intenção.

Se não quiseres mais que frequente teu espaço, tens toda a liberdade para isso...
continuarei lendo teus textos, e torcendo por ti, sempre.