
domingo, 26 de abril de 2009
Da série "Carlos Alberto e suas, seus, amantes..."

Era tarde, e Carlos caiu para o lado implorando que eu o deixasse descansar, eu ria, perguntei se com todos os seus amores tinha sido assim, ele disse que o passado era coisa do passado, e que o que interessava era o agora.
Eu sabia que ele tinha razão, mas a minha curiosidade falava mais alto, ele amuou mas acabou cedendo aos meus caprichos...
Como acontece com todas as histórias que são recontadas, essa historia não é tão fiel ao relato de Carlos, porque tem pedaços meus, e o ciume é umas das partes maiores, porque por mais que eu tente aceitar, o facto de meu Carlos ter sido de outra, doí na minha alma.
"Carlos e Isabela"
Isabela era daquelas mulheres que viram a cabeça de qualquer homem de ponta para baixo, era linda no verdadeiro significado da palavra, declamava Nietzsche com uma precisão absurda, era tão perfeita que metia nojo em todas as outras mulheres imperfeitas, como eu, era esguia e tinha uma longa cabeleira loira, super controlada dizia as coisas certas no momento exacto.
Carlos ficou louco por Isabela, ela foi sua musa durante muito tempo, escrevia milhares de versos com Isabela na sua mente, ela era a sua fonte, pessoal, da juventude, pois o fazia sentir-se anos mais novo.
Meses de conversa depois, Carlos finalmente conseguiu dar um passo a mais em sua relação com Isabela, combinaram um jantar em sua casa, regado com muito vinho tinto, e músicos mortos na vitrola, ele estava em êxtase, finalmente ele e sua Bela estariam juntos...
O clima aqueceu e Carlos e Bela fizeram amor, até aí tudo bem, o problema é que na hora do vamos ver, Bela que era tão falante e inteligente, ficou muda, nem na hora do clímax a garota emitiu um ruído, nada, nem um ahhhhhhh abafado...
Mas ela sorria, estava feliz, era o que parecia, e os encontros seguiram-se, e Carlos foi ficando cada vez mais frustrado com o silencio de Isabela, não entendia o porque daquela filosofa faladora ser tão calada na hora de fazer amor...
Um dia cansado daquela situação, Carlos perguntou a sua amada o porque do silêncio, ela não entendeu a sua frustração, e reagiu como se aquela pergunta fosse uma ofensa, ele disse que assim não dava, que ela ao menos teria de explicar o porque daquele silencio, e ela respondeu...
"O prazer é algo pessoal, você sente da sua maneira, eu sinto da minha, e não há mais nada a dizer sobre isso, por isso fico calada."
Carlos detestou tanto aquela resposta que nem disse nada, apenas levanto, vestiu-se e foi embora, no caminho até sua casa, pensou em Isabela, no seu silencio, e no tempo em que a considerava a sua musa, percebeu que o tempo passara, assim como as estações do ano, Isabela agora era apenas mais uma no meio de tantas, quando chegou em casa, tomou um banho e deitou-se na cama, e no criado mudo onde tinha uma foto de sua musa muda, agora apenas residia um ponto de interrogação.
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