
sábado, 11 de abril de 2009
Jezabel e o Santo

Jezabel, que nasceu Maria, é uma daquelas mulheres que nasceram com "o cu virado para o sol", no seu caso, para o sol de 40º do Rio de Janeiro.
Desde cedo o seu destino fora traçado por seu pai, um pastor evangélico, daqueles que carregam a bíblia debaixo do braço e a hipocrisia na ponta da língua, que a chamava de Jezabel, que nasceu Maria, e dizia que ela seria Messalina como a mãe, uma pobre coitada que sofria com as infidelidades e o machismo do marido.
Deus na sua profunda sabedoria, não permitiu que o sofrimento de sua mãe durasse uma eternidade, e a levou ainda em tenra idade, e Jezabel, que nasceu Maria, jurou no seu leito de morte, que por ela iria para a capital, e que casaria com um homem fiel e romântico como os príncipes dos contos que elas liam as escondidas do pai/marido opressor.
Maria, que virou Jezabel, cresceu, mudou-se para a capital, formou-se em Línguas Estrangeiras, e conseguiu uma vaga numa multinacional como secretaria executiva de um dos grandes ban ban bans da área.
Não demorou muito para que Maria, descobrisse que os príncipes dos contos de sua mãe, estavam apenas ali, nos contos...
Maria não era necessariamente bonita, possuía uma beleza misteriosa como a de Sarah Jessica Parker, e não havia nenhum homem que a deixasse passar despercebida, como também não havia nenhum que não se aproveitasse da sua inocência de menina moça.
E foi numa das milésimas noites que seu chefe surgiu com um trabalho inesperado, como faixada para as suas ignóbeis intenções, que Maria virou Jezabel.
Cansada por ter passado a noite inteira a tirar as mãos de mais um opressor machista e hipócrita do seu cu, já torrado pelo o sol, Jezabel foi parar numa mesa de bar, acompanhada de uma dose de Cuba libre, adorava mais o nome do que o sabor desta bebida, de sonhos e promessas destruídas.
Em outra mesa estava sentado um príncipe de gestos delicados, que não tirava os olhos de Jezabel, que até então ainda era Maria.
Depois de uma aproximação minuciosa, e uma conversa sedutora, Maria deixou-se envolver, e acabou enrolada nos lençóis de um barato motel com o seu príncipe do bar.
2hs de prazer depois, Maria, que vomitava romance, e marcha nupcial por todos os poros de seu corpo, olhava apaixonada para a sua nova descoberta de que afinal não são todos os homens que são porcos, nojentos e infiéis, quando o seu recém "amor pra vida inteira", levantou-se, começou a se vestir e tirou da carteira uma nota de 50 reais que pousou delicadamente em cima do criado-mudo.
Maria com um ar assustado perguntou-lhe para o que era aquilo, com toda a delicadeza do mundo, ele lhe respondeu que era o pagamento por toda a paixão que ela lhe oferecera.
"Eu não sou uma puta!!!!", gritou Maria.
A resposta veio acompanhada com uma sarcástica gargalhada.
"Meu bem, se não é, leva muito jeito para isso, deveria começar a pensar em mudar de profissão."
Respondeu o seu mais novo opressor, encaminhando-se para a porta, deixando para trás uma Maria de olhos lacrimejados, e face vermelha de vergonha.
Foi assim que mais uma vez um homem traçou o seu destino.
Alguns anos depois, Maria, que desde aquela noite tornara-se Jezabel, era uma prostituta que nas horas vagas trabalhava como tradutora da mesma multinacional importante.
Jezabel, descobrira naquela noite, que já que não tinha o poder de mudar a alma dos homens, ao menos tiraria proveito da sua podridão, nenhum outro homem a tocaria, sem lhe dar algo, neste caso dinheiro, em troca, desta forma ela sempre teria o controle, e se manteria pura.
O seu corpo havia transformado-se num templo para o pecado, os homens rastejavam aos pés de Jezabel, prometiam-lhe jóias, casamentos, e felicidade, mas deles ela só queria uma coisa, humilhação, Jezabel/Maria, queria humilhar todos os seres da raça masculina.
Numa comum tarde de inverno, quando ela foi alimentar o seu maior vicio, todas as suas convicções foram abaladas.
Jezabel era viciada em tatuagens, alguns anos atrás havia conhecido uma tatuadora que tinha o dom das linhas perfeitas, só deixava uma mulher tocar no seu corpo sem pagar, e mesmo assim para fins que não fossem sexuais, por isso a confusão formou-se quando se deparou com um homem no lugar da sua fiel artista.
E foi então, que uma Jezabel conheceu um Santo budista.
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