quinta-feira, 23 de abril de 2009

Devaneios



Caminhava na areia, era o primeiro dia de verão do ano, mas estava frio...

O Astro Rei iluminava a água do mar, tornando as suas ondas, vai e vem, prateadas, mas eu estava congelada.

Sentei-me na praia deserta, fiquei ali horas a admirar a linha do horizonte.

Perguntava-me se eu teria isso, uma linha imaginária que demarcasse os meus limites.

Lembrei-me do texto de Platão, que tinha lido na noite anterior, que falava dos prisioneiros na caverna.

Eu própria já estive acorrentada nas trevas, mas nunca estive conformada com as toscas imagens que via na parede.

Sempre desejei mais, sempre sonhei em vislumbrar uma luz que nem sequer sabia se realmente existia...

Um dia fui libertada, e tal como no texto minha visão ficou ofuscada pelo sol, demorei imenso tempo a conseguir ver a luz em vez de manchas distorcidas. (Ainda hoje a minha visão não é perfeita)

Sim, eu tinha uma linha imaginária, a linha do " a partir deste ponto não podes voltar para trás, pensa bem se queres dar mais este passo..."

As minhas correntes partiram-se...e eu caminhei...porque aquele que consegue olhar para o sol sem ver manchas, jamais volta a conformar-se com as trevas.

Eu tenho o meu sol, e todo o resto são apenas imagens sem graça, sem ele, quem é o louco que troca o brilho do sol a reflectir no mar por a escuridão de uma caverna?

O caminho é meu, fui eu quem escolhi, e sentada aqui nessa praia fria, eu pergunto-me: "Como pude alguma vez ser feliz sem isso?"

Tu és os meus óculos mágicos, que transformam o meu mundo num planeta encantado, Tu és a magia personificada, Tu és o pior e o melhor e Tu mais eu fazemos a equação mais perfeitamente imperfeita do universo.

Já não há como voltar atrás...

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